quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

José Teixeira, GRAVIDADE, inauguração: 12 dezembro, 17:30h


Museu Militar de Lisboa, 12 de dezembro a 25 de janeiro de 2018
Inauguração: 12 de dezembro de 2017, 17:30h


O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, na continuação do projeto Evocação – arte contemporânea, apresenta mais uma exposição evocativa da Grande Guerra intitulada Gravidade.
Sobre esta obra, José Teixeira diz-nos que «Gravidade, com tudo o que tem de ambíguo, consta de uma instalação escultórica, que contou com a participação de setenta e sete pessoas, homens, mulheres e crianças entre os dez e os oitenta anos. O projeto, iniciado em abril de 2016, partiu da ideia de representar um centésimo das vítimas portuguesas na grande guerra[1]. A evocação dos que morreram há cem anos serve para lembrar, no presente, os milhares de migrantes, os refugiados, oriundos de zonas de conflito bélico, as crianças soldados recrutadas por grupos extremistas e, simultaneamente, para celebrar a vida simbolicamente representada nos setenta e sete participantes que comigo colaboraram na elaboração deste trabalho»
Gravidade é uma instalação concebida propositadamente para o espaço do museu, dedicado à Grande Guerra que nos pede pensamento sobre a qualidade das circunstâncias da vida e o valor das causas a que ela nos obriga. Cumpre por isso uma função essencial da arte: fazer pensamento.
Corresponde, metaforicamente, ao peso dramático de cada um de nós, sobre o plano dos acontecimentos incontornáveis, como as guerras. Sublinha a força que as imagens-arte têm em nós como coisas que ultrapassam em muito a fragilidade dos corpos estendidos, mortos, nos campos das batalhas de todos os dias. A sua dimensão conceptual sublinha que arte, ao contrário do que alguns pensam e argumentam hoje, cura, revoluciona, rompe, corta! Não é de todo coisa cenográfica! É, sobretudo, o pensamento humanista que reforça a força da esperança que permanece depois de tudo findar.
Ilídio Salteiro, 2017




[1] Segundo a estatística pereceram 7700 portugueses durante o conflito.

sábado, 11 de novembro de 2017

MANUEL GANTES, Campo Santo, 7/11 a 7/12

Campo Santo, terra queimada.
Cristos das trincheiras. Céu negro, sem luz, linhas de sombra. A pintura como evocação de um tempo transversal, um tempo que nunca se repete e no entanto é um tempo de desgaste. Sombra celeste... (mais)








terça-feira, 3 de outubro de 2017

Manuel Gantes - Campo Santo - 7 de Novembro / 7 de Dezembro 2017




O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, na continuação do projeto «Evocação», iniciado no dia 9 de março de 2016, o qual consta de “exposições – intervenções de arte” nas Salas da Grande Guerra, todas evocativas dos acontecimentos ocorridos no Mundo entre 1914 e 1918, anuncia «Campo Santo», uma instalação de cerca de uma vintena de pinturas de Manuel Gantes concebidas propositadamente com esse objectivo, para esse espaço e para o atual tempo.
A proposta que Manuel Gantes nos enuncia nas obras que expõe, encaminha a nossa memória contra o esquecimento de um facto histórico decorrente de todas as batalhas onde inevitavelmente vencedores e vencidos coabitam: uma escultura de Cristo crucificado, agora mutilada e baleada, salva do campo de batalha, conhecida como «Cristo das Trincheiras». Uma obra que sublinha a força que as imagens-arte têm em nós, como coisa que ultrapassa em muito a fragilidade dos corpos estendidos mortos nos campos das batalhas de todos os dias.
Sobre esta incursão Manuel Gantes afirma:

«Cristos das trincheiras. Céu negro, sem luz, linhas de sombra. A pintura como evocação de um tempo transversal, um tempo que nunca se repete e no entanto é um tempo de desgaste. Sombra celeste.
Flandres, vale da ribeira de La Lys, dia 9 de Abril de 1918, os soldados portugueses são massacrados pela máquina de guerra alemã.
A consciência, as trincheiras do medo e da impotência que se abatem penosamente sobre este pequeno país, o fogo, as chamas, a guerra, as vítimas, no limite todos vítimas mas uns mais que outros. Os outros…»

As pinturas e as palavras de Manuel Gantes serão a síntese de um pensamento, e tratam da esperança que permanece depois de tudo findar.
O «Cristo das Trincheiras», atualmente presente no Mosteiro da Batalha, manteve-se de pé, esperando que o resgatassem (2ª Divisão do CEP) de um campo de batalha coberto de cadáveres onde jaziam 7.500 portugueses, mortos ou agonizantes, e onde a imagem tornada fotografia, de Arnaldo Garcez, testemunha a escultura mutilada, com pernas e braços decepados, e com uma bala a atravessar-lhe o peito.
Esta intervenção pode ser visitada a partir de 7 de novembro, com inauguração às 17:30 h, até 7 de dezembro de 2017.

 Ilídio Salteiro,

Lisboa, Fevereiro, 2017

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Cristo das Trincheiras - fotografia de Arnaldo Garcês

Soldado do C.E.P. junto da imagem do Cristo das trincheiras. Soldado português deixa-se fotografar junto de um enorme Cristo, denominado «Cristo das Trincheiras», que antes da guerra se encontrava num cruzamento de ruas de uma pequena cidade francesa, e que depois da guerra, destruída a cidade e todos os seus acessos, se encontrava nas zonas de combate, em pé, sobre um monte de destroços.
Fotografia de Arnaldo Garcês. Outubro, 1917. Arquivo da Hemeroteca Digital. Portugal na Guerra. Revista Quinzenal Illustrada. Ano 1, nº 5, Outubro de 1917, p. 10

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Cristo nas Trincheira no Mosteiro da Batalha






Na Guerra de 14-18, no sector português da Flandres, entre as localidades de Lacouture e Neuve-Chapelle, encontrava-se um cruzeiro com um Cristo pregado numa cruz de madeira, que dominava a paisagem da planície envolvente.
A imagem deste Cristo não era, obviamente, portuguesa, mas encontrava-se na zona defendida pelo Corpo Expedicionário Português durante a ofensiva alemã que quase destruiu a 2ª Divisão de Infantaria.
No dia 9 de Abril de 1918, durante horas a fio, sobre aquela planície caiu uma tempestade de fogo de artilharia, que a metralhou, a incendiou e a revolveu.
Era a ofensiva da Primavera de 1918 do exército alemão.
A povoação de Neuve-Chapelle quase desapareceu do mapa, de tão transformada em escombros.
A área ficou juncada de cadáveres e, entre estes, jaziam 7.500 portugueses da 2ª Divisão do CEP, mortos ou agonizantes.
No final da luta apenas o Cristo se mantinha de pé, mas também mutilado: a batalha decepou-lhe as pernas, o braço direito e uma bala varou-lhe o peito.
Mas, no meio do caos, foi trazida pelos militares que conseguiram reagrupar-se e regressar às linhas aliadas.
É quase inimaginável que, debaixo das barragens de artilharia alemãs, que dizimaram grande parte do contingente português, a opção de alguns militares fosse a de trazer consigo a imagem de Cristo, severamente danificada, e a colocassem em local seguro onde pudesse ser novamente venerada.
Em 1958 o Governo Português fez saber ao Governo Francês o desejo de possuir aquele Cristo mutilado: tornara-se um símbolo da Fé e do Patriotismo nacional e passou a ser conhecido como o "Cristo das Trincheiras".
A imagem foi acompanhada desde França por uma delegação de portugueses, antigos combatentes da Grande Guerra, que residiam em França, e por uma delegação de deputados franceses, chefiada pelo Coronel Louis Christian.
Chegou a Lisboa de avião no dia 4 de Abril de 1958, uma Sexta-feira Santa, e ficou em exposição e veneração na capela do edifício da Escola do Exército até 8 de Abril - as cerimónias foram apoteóticas, milhares de portugueses desfilaram perante a imagem em Lisboa.
No dia 8 de Abril a imagem foi transportada num carro militar para o Mosteiro da  Batalha, sem qualquer cerimonial especial, e aí ficou exposta na sala do refeitório do mosteiro para no dia seguinte, 9 de Abril, se efectuar a entrega oficial.

No dia 9 de Abril, pelas 11 horas, começaram a concentrar-se junto ao Mosteiro numerosas entidades civis e militares, entre elas os Embaixadores de Portugal em França e de França em Portugal, os Adidos Militares da França, da Bélgica e dos Estados Unidos, as altas patentes portuguesas do Exército, Marinha e da Força Aérea.
Ao meio-dia iniciaram-se as cerimónias com a chegada do Coronel Louis Christian (França) e o Ministro da Defesa de Portugal Coronel Santos Costa.

A guarda de honra foi prestada por um Batalhão do Regimento de Infantaria N.º 7, Leiria.
O "Cristo das Trincheiras" foi então levado para a sala do Capítulo, estando o andor que o transportou ao cuidado de representantes da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.
Aí, foi deposto sobre um pequeno plinto adamascado à cabeceira do túmulo do "Soldado Desconhecido".
Terminadas as orações, o Adido Militar Francês, Coronel Revault d'Allonnes, conferiu aos dois "Soldados Desconhecidos" duas Cruzes de Guerra, as quais foram depositadas sobre a campa rasa.
A fanfarra do Regimento de Infantaria n.º 19, de Chaves, tocou a silêncio no final da cerimónia, enquanto uma Bateria de Artilharia do Regimento de Artilharia Ligeira de Leiria, salvava com 19 tiros.

Mais do que um episódio ocorrido durante a 1ª Guerra Mundial, o "Cristo das Trincheiras" simboliza a fé que manteve os militares portugueses na linha de frente durante um par de anos, praticamente sem licenças, mal abastecidos, sentindo-se abandonados por quem os enviou para combater por algo que a maioria não entendia.
(Fonte:www.walfreire.blogspot.pt)

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Programa 2016-2019


Programa 2016-2019

O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, programou um conjunto de exposições de artistas portugueses contemporâneos nas Salas da Grande Guerra com caráter instalativo e evocativo dos acontecimentos ocorridos entre 1914 e 1918 em todo o mundo.
Trata-se de um projeto de arte contemporânea sobre a Grande Guerra cujas exposições, individuais e por períodos temporários, se iniciaram em 9 de março de 2016, quando do centenário da declaração de guerra da Alemanha a Portugal, e se concluirão em 14 de julho de 2019 quando, depois do centenário do armistício, se comemora o centenário da participação do CEP na parada da vitória em Paris.
A possibilidade desta projeto se realizar deve-se aos apoios do Exercito Português, do Museu Militar de Lisboa, da Comissão para a Evocação da Grande Guerra, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e do Centro de Investigação e Estudo em Belas Artes. Contando com a participação de cerca de vinte artistas, ele procurará demonstrar, através de produções artísticas diferenciadas e concebidas especificamente para as Salas da Grande Guerra deste museu, que a arte atualiza os sentidos das coisas e promove sintonias, diálogos e debates, quer sobre ela própria ou quer sobre outras causas.
Depois das intervenções de João Castro Silva com Ossos, Isabel Sabino com A Menina (não) fica em casa, Rocha de Sousa com Link para a memória do esquecimento global, António Trindade com Guerra e Espelhos e João Paulo Queiroz com Entre a Terra e o Céu encerrada a 30 de abril de 2017, este projeto foi interrompido por alguns meses. O seu reinício irá efectuar-se no dia 7 de novembro de 2017, 3ª feira às 17:30 horas, com a inauguração da exposição de Manuel Gantes.


PRÓXIMA EXPOSIÇÃO



EXPOSIÇÕES PASSADAS

1 / JOÃO CASTRO SILVA, OSSOS
9 de Março 2016 a 30 de Maio de 2016
9 de Março de 1916: A Alemanha declara guerra a Portugal.
http://joaocastrosilva-escultura.blogspot.pt/?view=classic

2 / ISABEL SABINO, A MENINA (NÃO) FICA EM CASA
15 de Junho a 30 de setembro de 2016
15 de Junho de 1916: O governo britânico convida Portugal a participar nas operações militares dos aliados.
http://www.isabelsabino.com/

3 / JOÃO ROCHA DE SOUSA, LINK PARA A MEMÓRIA DO ESQUECIMENTO GLOBAL
6 de Outubro 2016  a 15 Novembro de 2016
4-8 de Outubro de 1916: Combate de Maúta, rio Rovuma, Moçambique.

4 / ANTÓNIO TRINDADE, GUERRA E ESPELHOS
25 de Novembro de 2016 a 30 de Janeiro 2017
22 a 28 de Novembro de 1916: o cerco de Nevala.

5 / JOÃO PAULO QUEIROZ, ENTRE A TERRA E O CÉU
9 de Março a 30 Abril de 2017

Nota: Interrupção do projeto entre1 de maio e 30 de outubro de 2017


EXPOSIÇÕES FUTURAS

7 / JOSÉ TEIXEIRA
12 de Dezembro a 25 de Janeiro de 2018

8 / HUGO FERRÃO
30 de Janeiro a 1 de Março de 2017:

EXPOSIÇÕES EM FASE DE CALENDARIZAÇÃO

2018-2019: MIGUEL PROENÇA, MANUEL BOTELHO, ARTUR RAMOS


quarta-feira, 5 de abril de 2017

JOÃO PAULO QUEIROZ E A PROCURA DA GNOSE




João Paulo Queiroz e a procura da gnose
  
Hoje a vida desenvolve-se em volta da felicidade fácil dos sorrisos do facebook. Toda a gente é feliz, a vida é sorridente! O planeta não é redondo, é apenas superfície. Superfície polida de preferência, brilhante, sorridente! Essa felicidade excedente de si própria é contagiante, viral! Pandémica! O esgar do riso entranhou-se, estático durante os segundos necessários, já sem necessitar de ensaios. Toda a gente o articula com um jeito que parece inato, tal como o ator que se obriga a viver o riso do personagem que encarna. Parece não haver dúvidas sobre a felicidade que todos demonstram. Parece até que ninguém se sente infeliz, desamparado, ignorado, frustrado, envergonhado, vencido, esfomeado, doente, sem morada. Parece que neste planeta ninguém tem medos, ninguém sofre, ninguém é consciente. Parece que todos querem parecer iluminados pela vida, pelas divindades, pelo conhecimento!
Mas para que servem essas iluminações? Para nos sentirmos felizes?
Existem hoje incomensuráveis equívocos acerca do que é ser ente. Considero que esses equívocos se repercutem em conceitos como o de humanidade, o do sentir, o de conhecer, assim como em todas as declinações dos verbos ser e haver, muitas já em desuso na comunicação corrente…
Mas para que serve interrogarmo-nos, para que serve percebermos, ou apenas conhecermo-nos, aos nossos limites máximos e mínimos, como, o quê e porquê temos sentimento ou “pré-sentimento”?
Por regra, o conhecimento adquire-se quando se consegue identificar padrões. Quando se encontra a coerência da reconstrução de mundos, elos que unem elementos até aí desconexos, quando se entende a interligação do que é móvel e cíclico no ente, do espelho e da transparência do eu e do outro. E, este reflexionar, é já aquilo que normalmente se designa por ciência, por gnose ou por êxtase. Deveria ser apenas a partir deste ponto que à vivência da vida era dada autoridade para sorrir. Interiormente fascinados poderíamos então sorrir. Sentir a amplitude do regozijo, rindo.

João Paulo Queiroz pinta ao usar a pictoralidade como meio de aproximação a um território modelo onde o seu ente se reflete em recolhimento. Esta expansão espiritual contida, como um artista-asceta na procura do não visível na visibilidade das coisas onde se transmuta. Porque o ver do olhar concentrado do pintor acaba por ser uma transmutação do ente na coisa que vê. O autor torna-se no que pinta desvelando os padrões mentais que unem ente e mundo natural. Porque o desenho é um ato mental.
Este autor inicia um percurso laboratorial ontogénico sobre um determinado ecossistema complexo existente num determinado território de cerca de 300 m2 e reanalisando-o ciclicamente, num período em que o eixo da terra está perpendicular ao sol. Esta proximidade sugere-nos que o seu objeto fundamental seja a luz ou a sua incidência sobre as superfícies do mundo e as modificações que lhes provoca. Se é verdadeiro que a nossa espécie é cega para além dos 370-750 nm (nanómetros), também acontece que a variação daquilo que vemos e que existe perante o nosso olhar está em permanente mutação devido à impermanência da luz natural. É apenas esta pequeníssima faixa de 380 nm do espectro electromagnético que se tem quando se trabalha com a visualidade do mundo, portanto, estamos a falar de um trabalho altamente contido e analítico que tem de se submeter a uma metodologia muito rigorosa com o agravo de exigir precisão e rapidez na captação das gradações lumínicas devido à fugacidade da modelação dos momentos de incidência da luz sobre as superfícies.
Como um pensador cujas ferramentas são os olhos e a luz, JPQ desenvolve uma pintura metódica, analítica e imparcial. Referenciando-se por um calendário antiquíssimo, cósmico, o autor procura a qualidade da luz visível, investigando as materialidades com que modela as formas. Perceber a luz, impossível de ver diretamente ou na sua máxima intensidade mas apenas através da reflexão nas coisas que ilumina, é perceber e comungar a essência das coisas, neste caso, do território eleito.
Um território mítico, estranho e misterioso, quanto mais não seja pela especificidade que lhe foi incorporada pelo pensamento, fé ou imaginação ativa de tantos milhões de seres humanos. Uns 300m2 eleitos na imensidão do planeta, escolhidos para ensaiar a reflexão da luz. Como um sorriso interior de comunhão com o mundo.

O riso, no ente, ilumina-o! Porque vibra, modela-o indeterminávelmente como luz invisível para os olhos. É nele que se revela o milagre da conjunção do ente com um todo, qualquer que este seja, e que naquele instante se transforma em entusiasmo de recompensa. Ao riso não se olha para o ver mas para se percepcionar a iluminação que provoca. Por isso é contagiante. O riso, o sorriso, comunga-se!
É apenas por isto que os rires e sorrires ataráxicos dos Facebook são tão morbidamente visíveis aos nossos olhos… Fixados como esgares não iluminam rostos, modelam-nos apenas através da forma…

Evocar a tragédia coletiva fruto da ignorância, avidez e oportunismo de uns sobre outros é trazê-la à superfície da consciência, repensá-la e reorganiza-la metaforicamente ao nível da catarse.
Evocar os antepassados, honrá-los e apaziguá-los é uma tradição muito antiga que a Oriente ainda tem grande importância.
Nunca se há-de saber quantas vítimas causou a 1ª Grande Guerra mas foram muitas, demasiadas. E não apenas gente humana porque todo o ser vivo foi nela martirizado. Os equídeos, “recrutados institucionalmente”, os cães e os pombos foram os que mais diretamente intervieram no drama. Mas quantas florestas não foram dizimadas, quanta terra não foi esventrada exatamente como se corpos humanos fossem…
Neste ano de 2017 completam-se 100 anos sobre o auge deste conflito sob a indiferença do nosso atual riso cristalizado, ou “petrificado”, do Facebook. Talvez já não se consiga atingir o sentimento, talvez tenhamos desistido da humanidade que nos calibrava e definia como “seres humanos”, talvez seja já uma das visibilidades do Antropoceno. Talvez as tragédias tenham sido maiores e mais injustas do que era possível.
Evocar este primeiro grande conflito global não é apenas relembrar a dor e os atos de bravura ignorada mas também reconhecer a dor e a valentia com que estamos obrigados a viver. A guerra escraviza o sentido da civilidade com tal enraizamento que torna muito difícil refazermo-nos íntegros.
Num território modelo, através da árvore, JPQ tenta encontrar qualquer sinal de humanidade evocativo dessa integridade perdida. Apenas a natureza no seu correr, a árvore, está ainda apta a ser um elemento redentor. Um elo entre as tragédias dos humanos e a indiferença do tempo. Árvores como um pequeno exército, árvore como um soldado desconhecido. Árvore como elemento que une a terra ao céu – tal como cada ente se deveria reconhecer.
Qualquer atitude parece sempre pequena para evocar o drama coletivo, apenas o ser-se mártir dessa dor, da dor do Outro que somos nós próprios, a pode resgatar e possibilita que cada um de nós seja incorrupto. Como a luz que irradia da energia que se reflete das superfícies dos corpos e que varia de momento a momento… Por isso o riso é libertador, assim como as obras que João Paulo Queiroz apresenta na Sala da Grande Guerra do Museu Militar de Lisboa, numa exposição que intitulou Entre a Terra e o Céu, umas das muitas ações de arte atual comissionadas pelo pintor Ilídio Salteiro e que constituem a evocação da 1ª Grande Guerra no Museu Militar de Lisboa.


Dora Iva Rita

Lisboa, 21 de março de 2017

quarta-feira, 8 de março de 2017

ENTRE A TERRA E O CÉU - Inauguração: 9 de março às 17:30h

«Nos últimos anos tenho pintado do natural, nos Valinhos, perto de Fátima.​
Mostro agora 60 pinturas inéditas, 12 de cada um dos anos de 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013.
Convido-te para a minha exposição de pintura 'Entre a Terra e o Céu' que abre amanhã, quinta-feira, 9 março, entre as 17h30 e as 19h00, no Museu Militar, a Santa Apolónia, Lisboa.
Abraço»
João Paulo Queiroz

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

JOÃO PAULO QUEIROZ - Entre a Terra e o Céu

Museu Militar de Lisboa

9 de Março a 30 de abril de 2017
Inaugração: 9 de março às 17:30h


João Paulo Queiroz,  Cem vezes uma Árvore, 2016.
Pastel de óleo sobre papel, 29 cm x 21 cm.
FBAUL, 11 a 18 de Fevereiro de 2017

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

PROGRAMA 2016 / 2019 atualizadado



O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa estão a decorrer um conjunto de exposições de artistas portugueses contemporâneos nas Salas da Grande Guerra com caráter instalativo e evocativo dos acontecimentos ocorridos entre 1914 e 1918 em todo o mundo. Estas exposições, individuais e por períodos temporários, iniciaram-se em 9 de março de 2016, quando do centenário da declaração de guerra da Alemanha a Portugal, e concluir-se-ão em 14 de julho de 2019 quando depois do centenário do armistício, se comemora o centenário da participação do CEP na parada da vitória em Paris.
A possibilidade desta projeto se realizar deve-se aos apoios do Exercito Português, do Museu Militar de Lisboa, da Comissão para a Evocação da Grande Guerra, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e do Centro de Investigação e Estudo em Belas Artes. Contando com a participação de cerca de vinte artistas, ele procurará demonstrar, através de produções artísticas diferenciadas e concebidas especificamente para as Salas da Grande Guerra deste museu, que a arte atualiza os sentidos das coisas e promove sintonias, diálogos e debates, quer sobre ela própria ou quer sobre outras causas.

No próximo dia 10 de Março de 2017 inaugura a exposição de João Paulo Queiroz, intitulada Terras e Céus.


Parada de vitória, 14 de julho de 1919, Paris.

Fonte: https://www.publico.pt/primeira-grande-guerra (10-10-16)