quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

EVOCAÇÃO DA I GUERRA MUNDIAL - Arte Contemporânea no Museu Militar de Lisboa

O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa vai realizar um conjunto de exposições de artistas portugueses contemporâneos nas Salas da Grande Guerra com caráter evocativo dos acontecimentos ocorridos entre 1914 e 1918 em todo o mundo. Estas exposições, individuais e por períodos temporários, decorrerão entre 9 de março de 2016, quando do centenário da declaração de guerra da Alemanha a Portugal, e 11 de novembro de 2018, quando do centenário do armistício. 
Ir-se-á salientar o facto de aquelas salas e todo o Museu Militar serem detentores importantes patrimónios. Por um lado um património artístico de autores que alicerçaram a sua formação na Academia de Belas-Artes, como por exemplo Columbano Bordalo Pinheiro, Teixeira Lopes, José Malhoa, Francisco Franco, Veloso Salgado ou Luciano Freire entre muitos outros, e por outro lado um inestimável e precioso património histórico e cultural que todos reconhecemos.
A oportunidade desta iniciativa, que irá decorrer durante quase três anos, contando com a participação de cerca de vinte artistas, procurará demonstrar, através de produções artísticas diferenciadas e concebidas especificamente para as Salas da Grande Guerra, que a arte atualiza os sentidos das coisas e promove sintonias, diálogos e debates, quer sejam sobre ela própria ou quer sejam sobre outras causas.
Os convites à participação neste projeto de intervenção, instalação, exposição ou mostragem de obras evocativas das guerras de ontem ou de hoje, pretendendo motivar a conceção de intervenções artísticas contemporâneas em diálogo franco com o espaço museológico, dominado em grande parte pelas obras de Adriano Sousa Lopes, dirigido a artistas ligados direta ou indiretamente à Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, quer como professores quer como alunos, foram feitos com base em dois pressupostos: o primeiro privilegiou o conhecimento individualizado da obra artística de cada um dos participantes e o segundo a perceção de que reside nesse artista e nessa obra um conhecimento capaz de tratar a «evocação» como conceito que hoje, no início do terceiro milénio, pode ser memória concreta reconstituída noutros formatos. Num espaço e numa época onde a história, a guerra e a arte são assuntos sensíveis, os pensamentos, interrogações ou confrontos podem adquirir muitas formas.
São
os antigos e os novos modos de estar e fazer guerra e arte,
as coisas, os seres, as formas e as narrativas,
os valores territoriais e os valores culturais,
os desenhos de linhas, de limites, de fronteiras, de muros e barreiras na geografia mundial,
os desenvolvimentos tecnológicos, as mutações e as arquiteturas dos conflitos,
a cor dos camuflados contemporâneos.
A programação contará com uma participação de cerca de vinte artistas. A primeira intervenção decorrerá entre 9 de março e 30 de abril de 2016, com uma intervenção do escultor João Castro Silva, professor de escultura da FBAUL, a qual nos remeterá para os incómodos e desconfortos que a imprevisibilidade de guerras acarreta.
A última intervenção acontecerá em 11 de novembro de 2018 com uma exposição coletiva de todos os que participaram neste projeto.

Ilídio Salteiro, 2015