ANTÓNIO TRINDADE























O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa programou um conjunto de exposições de artistas portugueses contemporâneos nas Salas da Grande Guerra com caráter evocativo dos acontecimentos ocorridos entre 1914 e 1918.

Guerra e Espelhos é a proposta de instalação que António Trindade apresenta no contexto de um espaço que entre outras coisas nos apresenta em permanência memórias de uma Grande Guerra pintadas por Adriano Sousa Lopes ou Veloso Salgado, fotografadas por Arnaldo Garcês e esculpidas por Delfim Maia.
  
GUERRA E ESPELHOS

Nas Salas da Grande Guerra do Museu Militar, a proposta por mim apresentada tem como objetivo criar um jogo de espelhos mediante a sugestão de pequenas aberturas ou rompimentos virtuais dentro do espaço real interventivo. Nesses rompimentos do espaço do Museu confrontam-se em conjunto uma série de pinturas que se agregam a espelhos formando com estes novos objetos de confrontação óptica. As pinturas mostram-nos imagens icónicas e representativas da melancolia, da saudade, da ausência, da viuvez, do medo, do horror, da morte, do instante da morte, do sofrimento em ação. O caracter monocromático pelo seu tom neutro desta série de pinturas inéditas, nunca antes expostas mas realizadas entre 2000 e 2002, foi selecionado de forma a contrastar e a integrar de forma mais eficaz o espaço e as outras obras envolventes que integram permanentemente o Museu, já de si rico de formas, tons e cores diversas, ao mesmo tempo que os espelhos que se agregam nas pinturas prolongam estas virtualmente e simetricamente, refletindo ao mesmo tempo outros espaços virtuais. Criam-se assim fragmentos de outros microespaços que se desmultiplicam consoante a mobilidade do observador-espectador à medida que deambula pelo espaço expositivo. Os espelhos foram também eles objeto de intervenção onde o gesto pictórico neles assinalado com derrames de manchas “de sangue” remetem-nos para a má memória da violência, da guerra e do ato do sofrimento e da morte em plena ação. A mancha sanguínea sobreposta aos reflexos pictóricos que se articulam ao mesmo tempo com os reflexos do espaço envolvente cria uma tensão, característica que é paralela e é metáfora da dinâmica da própria guerra em ação. Esta tensão que desmultiplica o espaço envolvente criando outros subespaços virtuais e outros espelhos, digamos assim, requerem a mobilidade visual do espectador que é transformadora do espaço imóvel do Museu mediante o confronto de representações reais e virtuais, de reflexos oculares, de novas pinturas justapostas a pinturas e a arquiteturas preexistentes. Todo este jogo de reflexos e de derrames pictóricos de imagens de saudade, luto e sofrimento suscitam e aceleram uma anamnese no espectador que em última instância reivindica a aparente utopia do estabelecimento da paz no mundo em que vivemos.
António Trindade, 9/10/16




António Trindade Vive e trabalha em Lisboa. É professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa desde Outubro de 1996. Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da universidade de Lisboa, 1992. Mestrado em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2002. Doutoramento em Belas Artes, especialidade em Geometria Descritiva, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, 2008. Membro do Departamento de Desenho da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa

Exposições individuais
2016 – Afastamento, Galeria Arte Periférica, C.C. de Belém, Lisboa.
2014 – Living Landscapes (Paisagens que Vivem), Galeria Arte Periférica, C.C. de Belém, Lisboa.
2012 – Talk With Flowers, Galeria Arte Periférica, C.C. de Belém, Lisboa.
2010 – Talking, Walking, Sleep and Dream, Galeria Arte Periférica, C.C. de Belém, Lisboa.
2008 – Room Temperature, Galeria Arte Periférica, C.C. de Belém, Lisboa. Exposição integrada no circuito Lisboa Arte Contemporânea.
2006 – Burning Mirror. We Want to Be but We can’t find Ourselves, Galeria Sala Maior, Porto.
2004 – A Mulher e a Máscara, Galeria Arte Periférica, C.C.de Belém, Lisboa, Exposição integrada no circuito Lisboa Arte Contemporânea.
 2002 – Ambiente X, Black Velvet, Verão de 99, pintura e instalação, na Galeria Conventual, Alcobaça. Black Velvet, Galeria Arte Periférica, C. C. de Belém, Lisboa.
2000 – “Imagens de Arquivo”, Galeria Arte Periférica, C. C. de Belém, Lisboa, integrada no circuito Lisboa Arte Contemporânea.
1999 – Habitar outros Suportes, Galeria Arte Periférica, C. C. de Belém, Lisboa.
1998 – Fósseis para as Gerações Seguintes, Galeria Arte Periférica, C. C. de Belém, Lisboa.
1995 – Pintura, Galeria Arte Periférica, C. C. de Belém, Lisboa.
1994 – Da Velocidade da Vida à Persistência da Memória, Galeria Arte Periférica, C. C. de Belém, Lisboa.
1993 – Projecto individual de Pintura para os escritórios da Telecel do Lumiar, Lisboa.
1993 –Arquivo de Memórias, Galeria Arte Periférica. Massamá-Queluz.
1991 – Inauguração da loja Cardilium em Torres Novas.

Seleção de participação em exposições coletivas e outros trabalhos:
2016  - "PERIPLOS/ Arte portugués de hoy". Colectiva de pintura portuguesa Fevereiro e Maio de 2016, Centro Cultural de Málaga, CAC Málaga. Exposição patrocinada pela Fundação Luciano Benetton. 
2013 - “Haverá Sol”, colectiva de Arte Contemporânea dos Países de Língua Portuguesa, Macau, Museu Casa da Taipa, Outubro e Novembro de 2013.
2012 - ART Lisboa, Novembro, 2012, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
2011 - ART Lisboa, Novembro, 2011, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
2010 - ART Lisboa, Novembro, 2010, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, antiga F. I. L., Lisboa, Alcântara. Artista integrado no Projecto Terraço com curadoria de Filipa Oliveira.
 2009 - Exposição colectiva com obras de acervo em Alcobaça no espaço Armazém das Artes, a convite do escultor José Aurélio, Junho/Setembro de 2009.
ART Lisboa, 18 a 21 de Novembro, 2009, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
2008 - Exposição Colectiva em homenagem a António Inverno, no Espaço Mais, Município de Aljezur, 2 de Agosto a 28 de Setembro de 2008.
ART Lisboa, Novembro, 2008, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
Encomenda particular da empresa Cooperativa Frubaça e da Associação dos produtores de maçã de Alcobaça para o certame da Apple Parade.
2005 - FAC 2005, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
2004 - ARCO’O4 – Madrid, Stand da Galeria Arte Periférica. Colectiva, Galeria Arte Periférica, C.C. de Belém, Lisboa.
FAC 2004, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
2003 - FAC 2003, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.
2000 - Imagens para a Poesia de Virgínia Victorino, exposição colectiva na Galeria Conventual em Alcobaça.
FAC 2000, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Stand da Galeria Arte Periférica, F. I. L., Lisboa, Parque das Nações.