JOÃO PAULO QUEIROZ


Entre a Terra e o Céu
Museu Militar de Lisboa
Inauguração: 9 de março às 17:30h

O Museu Militar de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, na continuação da programação iniciada no dia 9 de março de 2016, com exposições e intervenções de artistas plásticos nas Salas da Grande Guerra evocativas dos acontecimentos ocorridos entre 1914 e 1918, tem o prazer de anunciar Entre a Terra e o Céu, de João Paulo Queiroz.
João Paulo Queiroz integra neste espaço várias séries de pinturas, sobre papel e fotografia, em conformidade com uma mesma metodologia de trabalho seguida de um modo rigoroso, exaustivo e sensível, de 2005 até 2016. Um trabalho que resulta da instalação por períodos temporária do seu atelier no centro de um território muito pequeno, povoado por uma flora tipicamente portuguesa, composta por oliveiras, azinheiras e diversos arbustos. A sua pintura utiliza esse espaço ─ esse lugar geográfico muito preciso 390 37’ 06” N e 80 40’ 04” O ─ que de um modo devotado e nunca desistente, cíclica e repetidamente visita quando o Sol se situa entre o trópico de Câncer e o Equador.
Esta exposição, resultando da integração das obras produzidas naquele lugar, Valinhos, Fátima, encontra-se dividida em duas grandes partes:
Uma primeira parte constituída por pinturas ─ pastel de óleo ─ nas quais terras, verdes e azuis fazem sobressair a Árvore e a Luz. Verifica-se neste processo uma incessante procura de algo, pela observação constante e atenta dos quase impercetíveis cambiantes que se testemunham de pintura em pintura, de acordo com os enquadramentos do olhar e as oscilações da luminosidade que propiciam o sol com a sua inclinação em relação ao horizonte e o vento empurrando as nuvens. Nesse território, como se fosse o lugar de um eixo do mundo, o olhar do artista observa e regista continuada e repetidamente uma natureza protagonizada ─ em primeiro plano ─ por azinheiras, naturais, puras, ingénuas, disponíveis, fortes, resistentes e capazes.
Na segunda parte, constituída por igual número de fotografias, apresentadas em looping num ecrã, onde cada “pintura feita” é confrontada com o seu “modelo”, uma a uma, realçando o momento da aferição, da verdadeira dimensão do valor daquela obra, ao mesmo tempo que se constata o nascimento de uma outra. É o momento para “um happening” registado pela fotografia e oferecido como uma outra obra, para a substituição do modelo e a comparação entre modelo e representação transformando a pintura em metalinguagem assumida.
Esta intervenção no Museu Militar de Lisboa, no espaço onde residem as memórias de uma Grande Guerra vivida pelo Corpo Expedicionário Português e representada por Adriano Sousa Lopes, Columbano, Veloso Salgado e Arnaldo Garcês entre outros, consta da integração destas “paisagens-árvores” concebidas num lugar determinante para a dimensão espiritual da cultura portuguesa dos últimos cem anos. Assim mostradas, com o título Entre a Terra e o Céu, lado a lado com as memórias e os objetos bélicos, de 1917, transportados e utilizados por um exército de homens disponíveis, evoca uma natureza, pura, ingénua, forte, resistente e capaz, e uma convicção na dimensão do nosso valor espiritual, material, individual e coletivo.


 Ilídio Salteiro,
Lisboa, Fevereiro, 2017



Nota curricular
João Paulo Queiroz (1966). Curso de Pintura, Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Mestre em Comunicação, ISCTE. Doutor em Belas-Artes, Universidade de Lisboa. Coordenador do Congresso Internacional CSO. Diversas exposições individuais de pintura. Prémio de Pintura Gustavo Cordeiro Ramos pela Academia Nacional de Belas-Artes, 2004.